Pular para o conteúdo principal

A LIÇÃO DA ARVORE

A LIÇÃO DA ÁRVORE


Um homem bom, que amava a natureza, plantou a mudinha em um dia pleno de sol. Ela brotou exuberante e cheia de vida, feliz, espreguiçando os braços, alongando-os dia a dia.

De início, quase ninguém reparou naquele projeto de árvore que crescia e se cobria de folhas, agitando-as ao vento brando que as tocava.

Finalmente, ela se tornou uma árvore robusta, os ramos viraram galhos fortes e ela adquiriu a maioridade vegetal.

Nos dias de sol forte, as pessoas se acolhiam debaixo de sua fronde, enquanto aguardavam a condução que as levariam aos seus destinos. As crianças aproveitavam para se pendurar em seus braços, balançando-se de cá para lá.

E todos foram se acostumando com aquela presença amiga e silenciosa que dava sombra, que suportava as pessoas que se encostavam em seu tronco, que aguentava as crianças subindo e descendo, e se pendurando em seus galhos.

Contudo, numa noite de tristeza, um homem descontente com as folhas que caíam no outono e as flores da primavera que atapetavam o chão, resolveu cortar a árvore.

Ele não queria o trabalho de recolher as folhas mortas, nem de varrer as flores que coloriam a relva e formavam interessantes arabescos.

Quando o dia despertou, o que se via eram os galhos cortados, amontoados na calçada e um pedaço de tronco erguendo-se nu, quase envergonhado.

As crianças lamentaram, os adultos questionaram quem teria executado tal maldade.

E o tronco lá ficou, liso, em pé, sem proteção alguma, aguentando o frio das noites invernosas e o calor das tardes. Também a chuva, o vento.

E todos pensaram que a árvore morreria de tristeza e de dor por tanta crueldade. Ela dera tudo de si, doara-se sem reservas.

Que recebera em troca senão uma sentença de morte?

Entretanto, os dias rolaram, emendando na semana que se enroscou no mês e os meses na estação seguinte.

Então, a árvore corajosa resolveu brotar novamente. E pequenas folhas verdes apareceram no topo do tronco e nas laterais.

Folhas tenras, anunciando o retorno à vida. A árvore esqueceu os maus tratos, a tentativa de morte e num gesto de autêntico perdão, se dispôs a reviver.

O grande Olavo Bilac, ao se referir às velhas árvores, escreveu, um dia:

Não choremos, amigo, a mocidade!

Envelheçamos rindo! Envelheçamos

Como as árvores fortes envelhecem:

Na glória da alegria e da bondade,

Agasalhando os pássaros nos ramos,

Dando sombra e consolo aos que padecem.

Parafraseando o poeta, dizemos que bom seria que aprendêssemos com as árvores a lição do perdão, ofertando a quem nos fere a outra face, a da doação.

Bom seria que, decepados pela calúnia e pela maldade, nos erguêssemos, ofertando flores e frutos em abundância.

Pensemos nisso: perdão é gesto de quem não agasalha mágoas, nem alimenta rancor. É gesto de quem vive liberto porque não se permite a prisão da dor da revolta pela injustiça.

Nem se deixa infelicitar pela infelicidade e inveja dos maus. Vive plenamente, produz todo o bem que possa e releva os atos indignos, próprios de quem vive prisioneiro de sua própria pequenez.

Sejamos pois, como a árvore amiga, retribuindo o mal com o bem e nos importando muito mais com quem nos ama do que com quem nos despreza.

Valorizemos o amor. Valorizemos o bem.



Por Redação do Momento Espírita. Do site: http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=4624&stat=0.
 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Pacifica Sempre

70 - PACIFICA SEMPRE   "Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus." - Jesus (MATEUS, 5:9)       Por muitas sejam as dores que te aflijam a alma, asserena-te na oração e pacifica os quadros da própria luta.     Se alguém te fere, pacifica desculpando.     Se alguém te calunia, pacifica servindo.     Se alguém te menospreza, pacifica entendendo.     Se alguém te irrita, pacifica silenciando.     O perdão e o trabalho, a compreensão e a humildade são as vozes inarticuladas de tua própria defesa.     Golpes e golpes são feridas e mais feridas.     Violência com violência somam loucura.     Não ergas o braço para bater, nem abras o verbo para humilhar.     Diante de toda perturbação, cala e espera, ajudando sempre.     O tempo sazona o fruto verde, altera a feição do charco,...

Retrato de Mãe, Maria Dolores/Chico Xavier

  "- Não ouvistes falar em Judas, o traidor? Sou eu que aniquilei a vida do Senhor!..."   Maria Dolores Francisco Cândido Xavier Depois de muito tempo,  sobre os quadros sombrios do calvário.  Judas, cego no além, errava solitário...  Era triste a paisagem, o céu era nevoento...  Cansado de remorso e sofrimento,  Sentara-se a chorar...  Nisso, nobre mulher de planos superiores,  Nimbada de celestes esplendores,  Que ele não conseguia divisar,  Chega e afaga a cabeça do infeliz.  Em seguida, num tom de carinho profundo,  Quase que em oração ela diz:  - Meu filho, porque choras? Acaso não sabeis? – replica o interpelado,  Claramente agressivo.  Sou um morto e estou vivo.  Matei-me e novamente estou de pé,  Sem consolo, sem lar, sem amor e sem fé...  Não ouvistes falar em Judas, o traidor?  Sou eu que aniquilei a vida do Senhor...  A princípio, julguei poder fazê-lo rei,  Mas apena...

"MÃE" - De Chico Xavier, Por Emmanuel.

MÃE Pelo Espírito Emmanuel. Psicografia de Francisco Cândido Xavier. Livro: Mãe - Antologia Mediúnica. Página 107.   "Honrarás pai e mãe" – a Lei determina. Não te esqueças, porém, de que nove meses antes que os outros te vissem a face, a tua presença na Terra era um segredo da vida, entre o devotamento e o Mundo Espiritual. Na juventude ou na madureza, lembrar-te-ás da mulher frágil que, sendo moça, envelheceu, de repente, para que desabrochasses à luz, e trazendo o ideal da felicidade como sendo uma taça transbordante de sonhos, preferiu trocá-los por lágrimas de sofrimento, para que tivesses segurança no berço. Agradecerás a todos os benfeitores do caminho, mas particularmente a ela que transfigurou em força a própria fraqueza, a fim de preservar-te. Quando o mundo te aclama a cultura ou o poder, o renome ou a fortuna, recorda aquela que não apenas te assegurou o equilíbrio, ensinando-te a caminhar, mas também atravesso...